sábado, 21 de março de 2009

PLANIFICAÇÃO... ALGUMAS REFLEXÕES!

Saudações prezados,

Pensar na planificação automaticamente nos faz pensar em efeitos da sobrecarga e regeneração do organismo. Sabe-se que o exercício promove uma alteração na homeostase do corpo dependendo do estímulo ao qual este sofre. Sendo assim, o exercício resultará num certo nível de fadiga, favorecendo a perda de capacidade de desempenho do atleta.

Após o período de sobrecarga o corpo humano procura restabelecer a homeostase, incluindo o estoque de energia endógena e a síntese da nova proteína. Esta recuperação será plena dependendo do grau de sobrecarga inicial e do deslocamento da homeostase, porém também será influenciado por qualquer carga a mais imposta durante o mesmo período.

Este processo pode superar o nível inicial da capacidade funcional, pois se o mesmo estresse ou carga fosse imposto novamente, a homeostase seria deslocada para um grau menor. Este processo é denominado de supercompensação, sendo que na prática isso significa uma melhoria no desempenho do atleta.

A periodização do treinamento está fundamentada na suposição de que a sobrecarga cumulativa produz um estímulo mais poderoso para uma subsequente supercompensação durante a fase de regeneração prolongada.

Rowbottom (2003) afirma que parecem ser três as suposições que vêm da análise científica racional da periodização. Primeiro, um aumento na carga de treinamento produziria um aumento na adaptação ou no rendimento mesmo em atletas bem-treinados. Segundo, haveria um ponto no qual essa carga aumentada não poderia ser tolerada por muito tempo ou no qual a adaptação cessaria de ocorrer. Terceiro, um período executado de recuperação ou descanso deveria resultar em um aumento na adaptação e consequentemente em um desempenho melhorado.

Em diversos estudos tem-se observado melhoria de desempenho depois dos aumentos a curto prazo na carga de treinamento de atletas já bem-treinados. Geralmente isso é alcançado pela introdução de intervalo de treinamento de alta intensidade dentro do programa de treinamento aeróbio. Este treinamento de intensidade varia de 4 a 6 semanas e seus resultados são significativos, atingindo uma margem de até 2,5% de aumento na performance do atleta. Uma estrutura de treino no mesociclo tem o potencial de produzir melhorias significativas no desempenho, para isto o treinador deverá avaliar a necessidade do atleta e qual o estímulo deverá sugerir.

Uma observação é importante citar. Aumentos constantes resultam em queda do desempenho, portanto é importante não manter o treinamento por períodos indefinidos. O atleta tende a atingir um platô de desenvolvimento e isso tem de ser respeitado.

Outro fator importante está na prática do Tapering ou treinamento reduzido. Diversos estudos confirmam o amplo benefício desta prática em vários tipos de esportes. Na prática o volume de treinamento precisa ser substancialmente reduzido para se ter algum efeito observável, enquanto a intensidade precisa ser mantida para trazer melhorias no desempenho.

Essa prática é realizada por diversos treinadores na conclusão de um período de treinamento antes das competições principais. Em essência, o plano de periodização proposto de forma sistemática e rotineira prevê períodos de treinamento reduzido por todo o programa na conclusão de cada mesociclo.

O tema sobre planificação é extenso e segue diversas linhas de raciocínio. O que estou expondo a vocês é a metodologia que eu utilizo nos meus treinamentos, e nos treinamentos de meus clientes e atletas. Ainda existem mais algumas observações que deixarei para a próxima postagem, sendo assim aguardo comentários e críticas sobre esta proposta.

Na próxima postagem o tema será sobre como otimizar a sobrecarga do treinamento, quantificação, e indicadores de sobrecarga e recuperação. Abraço a todos e boa semana!

Um comentário:

G. Sabino disse...

Parabens pela iniciativa de trazer informações tecnicas pra galera!
Continue blogando, uma hora isso aqui vai pipocar!

Vlw!!!