quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

PERIODIZAÇÃO... CONTINUAÇÃO

Prezados,

Continuando o assunto sobre periodização, este é um tema que sempre traz novas discussões a respeito de metodologias empregadas no treinamento esportivo. A ciência ainda discute qual o melhor método de treinamento esportivo, porém os cientistas do esporte entram num consenso quando cita-se a importância da estruturação do treino para o êxito dentro da prática esportiva.

Do que tenho conhecimento, os sistemas de treinamento atuais foram baseados em estudos da escola russa, começando pelos estudos de Kotov (1917) que basicamente eram divididos em:

- Etapa Geral - desenvolvimento do sistema cardiovascular e respiratório;
- Etapa Preparatória - desenvolvimento da força e resistência muscular; e
- Etapa Específica - preparação para uma modalidade e/ou prova específica.

Sendo assim, muito outros estudiosos do treinamento surgiram com suas concepções. Dentre esses cito o professor Matveev (1965) que apresenta a proposta da concepção da periodização do treinamento. Esta concepção consiste numa estruturação linear e que tem como base os chamados Microciclos, ou seja, o treinamento é composto por microciclos padronizados. Logo em seguida, a construção destes microciclos faz surgir o Mesociclo, que também possui formação linear e padronizada tendo especificidades como características (por exemplo, período de base, preparatório, polimento, recuperação, entre outros). Sendo assim, para completar esta cadeia denomina-se o Macrociclo, que pode ser anual ou pluri-anual.

Estas informações são de conhecimento geral de atletas, tanto de iniciantes, como de avançados. O problema é que este tipo de treinamento não possui bases científicas sólidas, e portanto é questionado no meio acadêmico. Mesmo tendo sua teoria questionada, este tipo de estruturação de treinamento pode ser utilizado em atletas iniciantes, mas que não surti efeitos positivos em atletas de alto-rendimento.

O que eu quero deixar claro para os que acompanham este blog é que a periodização é parte importante durante o processo de planificação de treinos. Sem este tipo de estruturação não é possível avaliar se o atleta apresenta desenvolvimento esportivo ou não. Além disso, deve-se considerar todas as características possíveis do atleta, ou seja, cada atleta possui sua periodização e planificação. Empirismo e improviso não são admitidos nesta fase.

Em breve eu aprofundarei nesta questão, pois é a partir daqui que surgem as concepções de treinamento e o modo como se pode treinar. Caso queiram comentar e acrescentar outras informações sintam-se a vontade.

Abraço a todos e até breve.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

PERIODIZAÇÃO

Saudações Caríssimos!

Primeiramente quero agradecer a todos pelas contribuições e postagens neste blog. Fico lisonjeado pela confiança e reconheço o tamanho da minha responsabilidade para com todos os atletas que necessitam de orientação em seus treinamentos. Sendo assim, mais uma vez agradeço a vocês!

Sobre a minha última postagem verifiquei que muitos atletas ficaram com dúvidas a respeito da organização dos seus treinamentos. O importante é que todos já tem traçados determinados objetivos para o ano de 2009, e isto facilita o trabalho de planejamento de treinos.

Também é importante ressaltar que, todas estas informações aqui postadas são generalistas e tem como propósito auxiliar atletas que não possuem qualquer assistência técnica para a prática de seus treinos. Casos específicos necessitam de orientações específicas. Mas isso não descarta a possibilidade de vocês utilizarem estas informações na construção de seus treinos.

Então vamos ao que nos interessa, treinamento!!!

Pensar em periodização de treino é pensar também em princípios de treinamento. E quando se fala em princípios de treinamento temos em mente que são as primeiras coisas que devem ser levadas em consideração para a objetivação eficaz de um programa de treino. Para isto, eu tenho utilizado um autor bastante interessante, que retrata de modo simplificado, a importância da consideração destes princípios.

Maglischo (1999) cita que, para que um programa de treinamento possa ser bem sucedido deve-se levar em consideração os seguintes princípios:

1- Adaptação;
2- Sobrecarga;
3- Progressão;
4- Especificidade.

Todos estes princípios devem ser levados em consideração em quaisquer tipo de treinamentos para esporte de rendimento. Mas o que isto quer dizer?

Quer dizer que, para que o atleta consiga participar de uma prova dentro de sua capacidade máxima, este atleta deve seguir cada etapa dos princípios de treinamento para ter um êxito positivo em suas provas.

Mas o que são estes princípios?

Simplificadamente são os processos pelos quais o atleta em treinamento deve obedecer para alcançar as metas traçadas.

E como treinar sob estes princípios?

Alguns autores citam que a individualidade biológica faz parte dos princípios de treinamento. De fato deve-se considerar as características genéticas dos atletas para cada determinada preparação. Isto é fundamental para quem está iniciando em qualquer esporte. Mas o princípio da adaptação pode se encarregar em parte na construção de um atleta para determinado tipo de prova.

Ao se iniciar uma prática esportiva, ou então, quando se aumenta a demanda do treino, acontece o princípio da adaptação, que como o próprio nome já diz, é o processo de adaptação do organismo a determinada carga de estresse (seja ele fisiológico, metabólico, psicológico, entre outros). Durante este processo de adaptação deve ocorrer:

- a criação da necessidade de mais energia com o treinamento;
- o fornecimento adequado de nutrientes para a construção dos tecidos; e
- o descanso adequado para a construção e reparo dos mesmos tecidos.

O próximo passo fica por conta da sobrecarga. No princípio da sobrecarga o atleta deve ser estimulado de modo a superar suas capacidades já adquiridas com o treinamento anterior. Ou seja, os estímulos devem ser superiores aos que já são impostos usualmente. Este princípio tem uma fácil determinação, porém sua aplicação é complexa e pode comprometer todo um trabalho de base, tendo como resultado as conhecidas lesões e o supertreinamento (overtraining).

A sobrecarga continuará a ter validade até o momento do atleta atingir um nível de adaptação a mesma. A partir de então entra o princípio da progressão, que pode interferir tanto na intensidade, como no volume de treino, antes que possa causar uma nova adaptação. A progressão pode ser trabalhada nos aspectos de velocidade de repetições e tiros de treino, ou então na quantidade destas repetições. Pode-se trabalhar este princípio também sobre o intervalo de repouso entre as repetições.

Dentro da progressão podemos citar a continuidade/reversibilidade - simplificadamente são os altos e baixos do treinamento e que possuem extrema importância durante o processo de sobrecarga e progressão. E também a interdependência de volume x intensidade, que possuem valores inversamente proporcionais e vice-e-versa.

Por fim, chegamos ao princípio da especificidade. Este é em minha opinião o mais complexo dos princípios a ser trabalhado durante o processo de preparação de atletas. Digo isto pois, devido a complexidade do ser humano, não é possível estabelecer um único parâmetro para a preparação de uma atleta. No treinamento a especificidade deve incluir três importantes aspectos:

- sistemas de energia;
- fibras musculares;
- velocidades de competição.

Encontrar o equilíbrio entre estas valências é o "X" da questão. Para isto, a relação intrínseca entre treinador e atleta se faz necessária.

Portanto, ao se respeitar estes princípios de treinamento, o atleta conseguirá ter uma melhor perspectiva sobre seus possíveis resultados dentro de uma competição e até sobre um novo tipo de treino. A relação entre técnico e atleta deve ser estreita, pois através do planejamento de um, observa-se o resultado de outro, para assim surgir novas perspectivas.

Acredito que estas novas informações rechearão a cabeças de vocês com dúvidas e esclarecimentos. Vou aguardar as contribuições de vocês, e daqui há 15 dias estarei aqui postando assuntos relacionados ao tema.

Um grande abraço e até mais!