segunda-feira, 9 de março de 2009

CONTINUAÇÃO... PERIODIZAÇÃO E PLANIFICAÇÃO

Saudações pessoas,

Desculpem-me pela demora a postar novas informações, mas tive alguns contratempos que impediram a concretização desta na semana passada. Agora com tudo normalizado vamos ao que interessa.

Durante o intervalo entre esta postagem e a anterior procurei aprofundar um pouco mais na questão da periodização, e resolvi finalizar sobre esta temática trazendo uma discussão dos prós e contras da periodização sugerida por Matveev durante os anos 60, sendo que a mesma é utilizada nos dias atuais.

Já foi dito o quanto a planificação dos treinos pode ser útil a fim de se atingir determinados objetivos com êxito, ou seja, a sistematização do treinamento serve para maximilizar os potenciais físicos e psicológicos do atleta. Mas como estruturar o treino é o grande "X" do problema.

A estrutura sugerida por Matveev (1981) baseia-se em blocos construtores, tendo o treinamento semanal denominado como microciclo, formando outros blocos construtores de unidades discretas denominadas mesociclos - que duram apenas algumas semanas, e por fim, um número de repetidos mesociclos forma o denominado macrociclo. O problema dessas estruturações fica por conta de ignorar os conhecimentos fisiológicos e biológicos individuais dos seres humanos. Isto porque nem todo atleta corresponde a determinado tipo de treino, cada qual possui sua especificidade, o que leva alguns treinadores a cometer erros durante a estruturação de treinos.

Ainda pensando no modelo estruturado por Matveev, Verkhoshansky (1998) faz duras críticas sobre a formulação desta periodização, que teve como base um estudo relativamente breve na preparação de atletas durante os anos 50, sobre apenas três modalidades esportivas (natação, levantamento de peso e atletismo) sendo impossível considerar esta metodologia como universal. Além disso, pela metodologia do professor Matveev, não é possível prever soluções metódicas eficazes para os problemas da preparação especializada para competições e para a preparação física específica de atletas nas diversas disciplinas esportivas.

Isto pode ser mais bem explicado, quando no período preparatório fica restrita somente a construção das bases do atleta e a verificação de sua forma esportiva, enquanto no período de competição são destinadas as mesmas preparações (estabilização, manutenção) compostas por mesociclos de competição e transição, sendo que o nível de treinamento é somente mantido e não desenvolvido. Atualmente o nível de treinamento do atleta é mantido e desenvolvido no período competitivo, ou seja, a buscas por melhores resultados acontece em treino e na competição.

Somente para ter uma idéia da complexidade que é organizar um treinamento de resistência para esportes cíclicos, no período preparatório é aconselhado realizar uma cadeia de mesociclos (adaptação, base com caráter de desenvolvimento, base com caráter de estabilização, base com caráter de choque, preparatório com caráter de controle, polimento e pré-competição) que dentro das suposições de Matveev não cabem dentro de sua forma. Sendo que sua metodologia de preparação esportiva não prediz qual a melhor forma para se realizar tais treinamentos.

Não se pode focar somente em volume e intensidade durante o processo de treinamento esportivo. Existem diversas variáveis que devem ser treinadas durante o processo de desenvolvimento do atleta. Então, estruturar o treinamento garante não somente resultados, mas garante a longevidade esportiva.

Independente das críticas de Verkhoshansky (e que não somente ele, mas Weineck, Gambetta, Bompa, Tschiene, Bondarchuk com Tschiene, Marquez, entre outros), a metodologia do professor Matveev continua em prática. A idéia foi justamente de trazer essa discussão para aqueles que acompanham este blog e possuem opiniões formadas sobre o treinamento esportivo. Pensar sobre a metodologia que utilizamos em nossos treinamentos é algo que devemos fazer constantemente. Se quisermos evolução devemos considerar todos estes parênteses.

A minha proposta de treinamento segue os moldes do professor Matveev (microciclos, mesociclos e macrociclos) para atletas iniciantes, ou seja, tendo em sua estrutura os períodos de preparação – aquisição da forma esportiva, período competitivo – manutenção da forma esportiva, e período transitório – perda temporal da forma esportiva.



A figura acima representa a dinâmica entre volume e intensidade de um ciclo anual de treino proposto pelo professor Matveev.

A relação proposta por Matveev está entre a fase temporal da forma esportiva juntamente com a estruturação dos períodos de treinamento, sendo que, o fundamento está na transferência positiva dos grandes volumes gerais de cargas de trabalho durante o início do treinamento para uma maior especificidade na continuidade do mesmo.

Considerando que a maioria dos atletas amadores não depende única e exclusivamente do esporte para sobreviver (muitos possuem atividades laborais como o estudo, trabalho, entre outros) os microciclos de treinamento são estabelecidos nos moldes semanais, ou seja, durante os 7 dias da semana. Isto acaba facilitando a organização entre a vida cotidiana e a vida esportiva do atleta.

Considerar a especificidade do treino e o nível de preparação do atleta é outro fator importante durante a estruturação dos treinos. A adaptação multilateral do atleta é influenciada diretamente por estímulos unilaterais, que vão provocar uma adaptação concentrada no sentido de preparação geral do atleta.

É nessa hora que o atleta deverá se concentrar em diversos tipos de estímulos para desenvolver suas capacidades técnicas, físicas e específicas (velocidade, força, recuperação, resistência, fatores psicológicos).

O que o atleta deve compreender é que durante a construção das capacidades físicas, as mesmas são divididas em fases de destruição, regeneração e supercompensação. Durante a regeneração o organismo procura se adaptar ao estímulo que recebeu, portanto a fase de regeneração serve para aumentar o nível de treinamento do atleta. Daí dada à importância para o descanso do atleta. Não adianta pegar pesado sempre!

Outro fator fundamental para que esta estruturação possa ter êxito está implicitamente ligada ao período de recuperação. Se a recuperação for equilibrada com o volume de treino realizado haverá um ótimo aproveitamento do estímulo. Se a recuperação for grande demasiada, não ocorrerão as adaptações necessárias no organismo. E por fim, se a recuperação for curta demais, o atleta poderá entrar em overtraining – sobrecarrega o organismo apresentando resultados indesejáveis.

Com relação aos mesociclos, a construção destes não possui bases sólidas na ciência do treinamento – daí as críticas severas a metodologia de estruturação proposta por Matveev – e dependem da experiência técnica para a sua estruturação. Novamente é possível montar ciclos, desta vez mensal, para poder aperfeiçoar os efeitos acumulativos do treinamento.

Tudo isso dependerá também do nível de atividade do atleta, da quantidade e qualidade das cargas de trabalho utilizadas, e da cadência biológica na adaptação destas. A constituição de mesociclos mensais é uma boa oportunidade para aqueles que necessitam deste tipo de organização, como é o caso das mulheres – ciclo menstrual.

As características do mesociclo são semelhantes as do microciclo – devem ser construídas por blocos, mas que tem por finalidade evitar a monotonia, garantir elevados ritmos de desenvolvimento, e obter maior controle sobre as influencias das cargas de treinamento no organismo do atleta.

A tendência atual é estruturar planos de treinamento em torno de um ciclo de treinamento anual. O desempenho e as metas de desenvolvimento podem ser estabelecidos em uma base anual, e os campeonatos será o foco no ano de treinamento.

Na próxima semana continuarei com o tema de planificação, comentando um pouco mais sobre sua especificidade. Também tentarei trazer algo sobre a planificação no Triathlon para amadores. Desejo a todos uma boa semana.

Bons treinos!

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

BOMPA, T. Periodização: Teoria e Metodologia do Treinamento.
FARTO, E. R. Estrutura e planificação do treinamento esportivo. http://www.efdeportes.com/
GARRETT JR., W. E. A ciência do exercício e dos esportes.
VERKOSHANSKI, Y. V. Para uma teoria e metodologia científica do treinamento esportivo. A crise da concepção da periodização do treinamento
no esporte de alto nível. http://www.efdeportes.com/
WEINECK, J. Treinamento Ideal.

2 comentários:

Unknown disse...

A cada nova postagem significa uma nova parcela de aprendizagem para os leitores do blog. Parabéns.

Unknown disse...

Eu que agradeço pelo respeito e consideração pelo o meu trabalho. Obrigado meu caro!
Abraço!