Na verdade se você pensa que pode correr visando metas audaciosas e sem treinar, pode acreditar que em algum momento isso pode trazer grandes problemas. Dito e feito, três semanas se passaram depois da última competição que foi a prova dos bombeiros, e de lá para cá meus treinos foram conturbados. Nada de planejamento, treinava quando dava, a cabeça a mil resolvendo várias questões sobre trabalho e família, além de outros problemas inesperados que a vida às vezes proporciona.
Mesmo assim, resolvi encarar o desafio, pois quem corre uma prova como o XTerra não pode desistir de um "simples" 16 km. O engano começa aí, qualquer prova que seja, de 5 a 42 km, todas necessitam de planejamento e treino. É um auto engano achar que o corpo está preparado para qualquer batalha e a qualquer momento, o risco de lesão é alto.
Fui confiante para o evento, cheguei cedo (6:00 hs) e me preparei como devia. Meus alunos chegaram e também se preparam para o início da prova. Na hora da largada, atraso de 10 minutos, que cai que nem um balde de água fria, literalmente esfriando o aquecimento que havíamos realizado. De repente: LARGOU!!!
Saiu o pelotão que nem boiada, ritmo forte (havia atletas de todas as distâncias - 5, 8 e 16 km), e o cuidado com o ritmo neste momento é importante, pois querer acompanhar quem vai correr somente os 5 km é pedir para quebrar em algum momento da prova. Larguei um pouco forte para o meu ritmo de prova (na cabeça nada passava que eu não havia treinado para aquela prova) 4'10" no primeiro km, e na sequência encaixei o que eu tinha planejado mentalmente quando eu cheguei no evento que correria para 4'17" até o 7º km.
Mas no 3º km o meu ritmo foi para 4'20", e mesmo fazendo força eu não conseguia baixar este tempo, parecia que eu estava carregando tijolos nas pernas. A minha cabeça começou a dizer para parar, e que eu deveria fazer o retorno nos 4 km. Como eu já enfrentei a minha mente algumas outras vezes, sabia que aquilo era uma armadilha, mas ao mesmo tempo eu pensava na Golden Four que é a próxima prova que irei competir... consegui manter este ritmo até o 5º km.
Depois do 6º km começou o martírio, meu tempo caiu para 4'30", 4'35", 4'38" e minhas pernas doíam muito. Para ajudar pisei num "olho de gato" e deu aquela rápida torção. A torção na foi nada, mas o osso que já tinha sido lesionado em Ilha Bela doeu até - acabo de passar a mão e ele ainda dói, rs!
Cheguei no posto de hidratação no 11º km e resolvi andar um pouco - desde quando eu participo de corridas de rua, nem me lembro se havia andado alguma vez em prova, acho que essa foi a primeira. Bebi o isotônico e falei para mim, vamos para o arrebento! Tentei encaixar o ritmo novamente, mas o melhor que consegui foi um 4'27" - tava morto!
Fui sofrendo até o 15º km, e depois de passar a placa que informava que era o último km fiz muita força para fechar com 4'24" e 1h11m47s de prova. Cheguei e além de me hidratar coloquei um monte de gelo nas pernas. Fui embora mancando, com os pés doendo muito...
A meta era fechar a prova para 1h08m, uma doce ilusão para quem nem sequer treinou para a prova. Mas valeu a lição, o negócio agora é por na cabeça que não dá para bater o recorde da meia maratona no próximo domingo. Queria fazer para 1h29m alto, mas... deixa para o fim do ano na 3ª etapa do circuito Athenas.
Abraço a todos e boas corridas!
Faltando apenas 2 km para o final.
Ainda passei dois caras no sprint final.